O Quintessa – Aceleradora de Impacto referência no Brasil – acaba de lançar a 4ª edição do Guia 2.5, um estudo das iniciativas que desenvolvem e investem em negócios de impacto no Brasil. Em relação às edições anteriores, a nova versão do Guia registrou um aumento de 34% na quantidade de organizações mapeadas.
Desde 2015, quando lançou a primeira edição, o Guia saltou de 11 organizações mapeadas para 58 em 2023. As iniciativas listadas também cresceram 106%, passando de 34 (2017) para 70 (2023). O material completo está disponível no site: Acesse agora
A escolha do nome Guia 2.5 faz alusão ao “setor 2.5”, termo que faz referência aos “negócios de impacto”, por reunirem características típicas do segundo setor (formado por empresas privadas, marcado pela sustentabilidade financeira e geração de lucro) e do terceiro setor (formado por organizações sem fins lucrativos, marcado pelo foco em gerar impacto socioambiental positivo).
O Guia 2.5 traz um estudo feito com base em pesquisa realizada pelo Quintessa com representantes de cada uma das iniciativas mapeadas, e é apresentado em quatro capítulos:
- Apoio oferecido pelas iniciativas;
- Caracterização das iniciativas e negócios apoiados;
- Caracterização das organizações;
- Interesses das organizações.
Há grandes destaques em torno das análises realizadas.
1) Há um significativo crescimento quantitativo, com mais organizações e iniciativas.
- Quando analisadas as linhas do tempo, marcando o ano em que as organizações foram criadas, o auge do surgimento de novas organizações foi de 2011 a 2020.
- Quando analisadas as iniciativas, marcando o ano em que foram fundadas ou que começaram a atuar com negócios de impacto, até 2018, haviam 44 iniciativas existentes. De 2019 até 2022, o número foi para 70. A quantidade de oferta de suporte para os empreendedores de negócios de impacto cresceu 63% nos últimos 4 anos.
2) Há uma especialização das iniciativas oferecidas pelas organizações: diversas organizações oferecem mais de uma iniciativa, tangibilizando sua atuação por meio de programas com finalidades e diferenciais específicos.
3) Há uma expressiva diversificação no suporte oferecido pelo ecossistema, com maior variedade nos tipos de apoio oferecidos, estágios de negócios contemplados e na distribuição do alcance geográfico das iniciativas pelo Brasil e exterior.
- O suporte via Recurso Filantrópico dobrou comparado à última edição (de 9 para 18). Este tipo de recurso é essencial na composição do espectro de capital que pode ser acessado pelos empreendedores, complementando os bolsos de empréstimos e aportes de venture capital, por exemplo, por ser um capital paciente e estruturante, adequado para contextos de alta inovação e risco.
- Mantém-se a caracterização da edição anterior de existirem mais iniciativas focadas nos estágios mais avançados de negócios, principalmente quando falamos do foco em Aporte Financeiro, onde o foco em mitigação de risco é maior. Contudo, é significativo o aumento de oportunidades para o estágio de ideação, o primeiro dentro da jornada empreendedora, um importante avanço para que as inovações demandadas pelo mercado possam ser supridas no médio prazo.
- Apesar da distribuição das sedes das iniciativas não ser proporcional no Brasil, com concentração no Sudeste, cerca de 66% (46 de 70) das iniciativas dão apoio a negócios de todos estados do Brasil, sem restrição territorial. Assim, quando somado o foco regional de iniciativas, os estados com maior oferta de suporte são Pará, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os mais mencionados.
- Ao comparar a quantidade de iniciativas exclusivas para um ou mais estados da região com o número de organizações sediadas no local, a região Norte possui a maior proporção, com um grande número de organizações de fora da região que possuem iniciativas especializadas com foco em negócios localizados em estados do Norte. Nota-se que iniciativas com foco local priorizam apoiar negócios regionais em seus estágios iniciais.
- Enquanto a maioria (75%) das iniciativas focadas em Aporte Financeiro seleciona com base em Setores-Alvo, a maioria das iniciativas focadas em Desenvolvimento não apresenta essa característica na seleção dos negócios de impacto (53%). Os setores mais mencionados são: Gestão de resíduos, Energia e biocombustíveis e Florestas e uso do solo. Outros setores possuem considerável menção, como Educação; Água e saneamento; Empregabilidade, empreendedorismo e geração de renda; Serviços financeiros; Equidade e inclusão; e Saúde.
4) Há mudanças nas características das organizações que realizam as iniciativas, com fontes de receita advindas de organizações privadas (empresas, institutos e fundações) e menor foco em contrapartida dos empreendedores, bem como maior presença de iniciativas realizadas por grandes empresas.
- Organizações passaram a se sustentar menos a partir da cobrança dos empreendedores e mais a partir do subsídio de organizações privadas (empresas, institutos e fundações), revelando uma mudança no modelo de negócio das organizações do setor. A mudança também reflete o crescimento de grandes empresas como organizações realizadoras das iniciativas.
- Cerca de 70% das organizações possuem mais de uma fonte de entrada financeira.
- Destaca-se como positiva a alta quantidade de iniciativas gratuitas (32, ou seja, 46%), de grande importância para os empreendedores, que costumam ter desafios de sustentabilidade financeira antes do ganho de robustez de seus negócios.
5) Diversidade ainda é uma questão em evolução, tanto como critério de seleção dos negócios, quanto da composição dos colaboradores nas iniciativas.
- 29% das iniciativas não olham para o recorte de diversidade em relação ao perfil empreendedor em seus processos seletivos, o que é um significativo valor, dado que perfis de maiorias minorizadas apresentam maior dificuldade e enfrentam maiores barreiras no acesso a iniciativas de suporte e recursos financeiros.
- No que se refere a presença de mulheres no time, a maioria das organizações (65,5%) são predominantemente femininas, possuindo mais que 50% de mulheres no time. Por outro lado, a maioria delas (48%) possuem menos de 24,99% da equipe formada por pessoas negras. Assim, as organizações possuem proporções baixas de representatividade em relação à população do Brasil, no que se refere à proporção de pessoas negras.
6) Aspectos de desenvolvimento do setor são importantes para as organizações, como disseminação do conceito e conteúdo, recurso financeiro (capital paciente e de fomento), fomento a redes e conexões, e advocacy.
- As iniciativas apresentam como demanda recursos financeiros (para manter e expandir a iniciativa, bem como para oferecer auxílio financeiro para os empreendedores beneficiados), carecendo de acesso a capital paciente e estruturante para viabilizar o desenvolvimento do pipeline de negócios maduros. Assim, aparece em grande quantidade desafios relacionados ao modelo de negócio e sustentabilidade financeira das iniciativas.
Além do estudo, o Guia 2.5 oferece uma plataforma digital e interativa para os empreendedores, com teste para facilitar a busca por iniciativas e detalhamento aprofundado acerca de cada uma, e conhecer de forma mais ampla atores do setor. Uma sessão destinada à Amazônia traz um mapeamento detalhado das organizações que atuam no desenvolvimento da região. O levantamento é baseado na publicação ‘Caminhos para a Amazônia’, resultado da colaboração entre a Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e o Quintessa.
A nova edição do Guia 2.5 foi co-realizada com a Pipe Social, plataforma com a visão de mapear e fomentar o pipeline de negócios de impacto socioambiental no Brasil, na parceria com a Base de Impacto. Foi patrocinado pelo Cubo Itaú, Fundo Vale, Instituto Helda Gerdau e Instituto Sabin. A edição também tem o patrocínio da “Coalizão pelo Impacto”, iniciativa que atua no fortalecimento do ecossistema de apoio aos negócios de impacto em seis cidades brasileiras e que mapeou organizações de apoio em Belém/PA, Fortaleza/CE, Brasília/DF, Paranaguá/PR, Porto Alegre/RS e Campinas/SP.
“O Guia 2.5 é uma ferramenta completa para ajudar a trazer mais eficiência ao ecossistema, garantindo que empreendedores de negócios de impacto acessem e escolham as iniciativas mais adequadas para receberem suporte e investimento. Essa 4ª edição mostra o aumento, diversificação e qualificação das iniciativas, bem como uma maior entrada de grandes empresas, institutos e fundações na agenda de negócios de impacto”, destaca Anna de Souza Aranha, co-CEO do Anna de Souza Aranha.