A pandemia de covid-19 escancarou desigualdades brasileiras, sobretudo na educação. Os dias fora da sala de aula apresentaram reflexos diretos para a juventude no que diz respeito aos processos educacionais e inserção no ensino superior. Em paralelo, as sucessivas quedas na taxa de empregabilidade, e dificuldades de inserção no mercado de trabalho por falta de formação técnica, impactou a geração de renda de famílias situadas em comunidades de alta vulnerabilidade.
Empreender na linha de frente a esses desafios exigiu uma mobilização sistêmica financiada pelo Instituto BRF e executada pelo Quintessa que, em quase 2 anos, engajou e articulou diferentes atores no enfrentamento aos efeitos causados pela pandemia na educação. O programa “Nossa Parte Pela Educação” selecionou e acelerou startups com soluções inovadoras no âmbito educacional, buscando tangibilizar as ideias em ferramentas práticas que pudessem ser utilizadas pelos educadores no dia a dia, o mais rápido possível.
O programa
6 cidades onde a BRF possui operação industrial foram pré-selecionadas para receberem soluções de impacto na região. Durante esse processo foram analisadas as demandas locais intrinsecamente ligadas à educação nos municípios, construindo um estudo aprofundado que posteriormente serviria de base para seleção de startups que atendessem, com assertividade, a necessidade de cada território.
A partir da seleção dos territórios era chegada a hora de buscar parceiros: OSCs (Organizações da Sociedade Civil), prefeituras, secretarias municipais de educação e lideranças locais foram acionadas para, juntas, contribuírem com a definição dos eixos temáticos norteadores da atuação do programa, compreendidos como B2G: formação continuada, redução da defasagem e B2C: educação digital, formação profissionalizante, inserção no ensino superior e no mercado de trabalho – relevantes e assertivos para os desafios locais.
Logo em seguida, uma chamada aberta recebeu a inscrição de 108 startups em um processo seletivo composto por formulários de inscrição, entrevistas e pitchs, contando, inclusive, com representantes das OSCs e dos municípios nas bancas de seleção. Finalizada essa etapa, 8 startups foram selecionadas para avançarem até a aceleração, onde teriam a oportunidade de executar e testar a aplicabilidade de suas ideias na prática, consolidando os chamados “pilotos”.
Formação de um programa sistêmico
Desafios complexos são superados por mobilização em rede. Além do subsídio da indústria privada e da inovação trazida pelas startups, o programa contou com apoio de executivos para mentorias especializadas, envolvimento do setor público e do terceiro setor para análise das necessidades da população, assim como a participação de agentes de inovação e articuladores locais. Todos os setores unidos por um só propósito: mais educação de qualidade para mais brasileiros.
“O ‘Nossa Parte pela Educação’ é um programa que trabalha com agendas complexas, no caso, os desafios da educação. E entendemos que não conseguimos resolver esse desafio somente enquanto uma associação privada, ou enquanto empresa, mas sim trazendo a expertise de cada um dos atores que estão envolvidos nesse processo”. – Gabriela Cândido, Coordenadora de Impacto Social no Instituto BRF.
Impacto positivo da territorialidade
“Por natureza, esse é um programa de inovação, e que precisou de um mergulho inicial dentro dos territórios justamente para entender quais eram os gargalos que impediam, hoje, uma educação e uma inclusão produtiva de melhor qualidade”. – Fabiana Goulart, sócia do Quintessa.
As 8 startups selecionadas estabelecem sua atuação em 6 estados diferentes localizados em 4 regiões do Brasil: Empreende Aí (Dourados, MS), Gerar (Paranaguá, PR), NeuroEscola e TOTI (Videira, SC), Mathema e Força Meninas (Vitória de Santo Antão, PE), Plure (Uberlândia, MG) e Seren (Marau, RS).
E contaram, respectivamente, com a parceria das seguintes organizações: Casa Criança Feliz, 5C Centro Cultural, Secretaria de Educação do município de Videira, EPB (Escola de País do Brasil), Prefeitura do Município de VSA, Instituto Dom de Deus, Ação Moradia e ABESFA (Associação Beneficente São Francisco de Assis).
A parceria das startups com as OSCs e prefeituras foi fundamental para chancelar as novas iniciativas nas região, bem como acessarem dados valiosos com características específicas de cada uma das cidades, culminando em relações B2B e B2G firmadas sob o compromisso de gerar impacto positivo nos territórios selecionados.
Soluções e resultados em destaque
O programa “Nossa Parte Pela Educação” alcançou a marca de 4.122 beneficiários diretos, somado o impacto gerado pelas pelas 8 startups em parceria com OSCs e órgãos municipais.
A startup “Neuroescola” cria de trilhas de aprendizagem, baseadas em evidências científicas, para alfabetização de crianças típicas e atípicas, com 21 professores que impactaram 291 alunos -, após a aceleração, o negócio registrou um aumento de 29% no número de alunos com autonomia de leitura em Videira (SC).
Também na educação básica, o “Mathema” impactou diretamente 1.552 estudantes e trabalhou com 57 educadores em quatro escolas do município de Vitória de Santo Antão (PE), em parceria com a Secretaria de Educação do município a startup buscou melhorar o ensino de matemática com uma nova metodologia que inclui jogos e trilhas de aprendizado lúdicas, registrando, até então, uma evolução de 12,9% no desenvolvimento de habilidades na BNCC específicas.
Índices significativos se sobressaem no âmbito da geração de renda, inserção no mercado de trabalho e capacitação profissionalizante: em Dourados (MS), pequenos e microempreendedores atingiram um aumento de 24% em suas rendas mensais após serem alunos do “Empreende Aí”, negócio que fomenta o empreendedorismo periférico. Em Uberlândia (MG), a startup “Plure” empregou 19 mulheres após potencializar suas soft skills para processos seletivos em uma trilha que inclui temas como síndrome do impostor, desenvolvimento de oratória e criação de currículo.
Já a startup “Força Meninas”, que se propôs a incentivar a entrada de jovens em profissões comumente exercidas por homens para estudantes, formou 100 meninas no município de Vitória de Santo Antão (PE). Enquanto isso, a startup SEREN registrou um índice de 60% de jovens com escolha profissional lúcida após utilizarem seu app que divulgou mais de 1600 vagas de trabalho em Marau (RS).
Por fim, a solução GERAR implementou, em Paranaguá (PR), um curso preparatório para ENEM e vestibulares que atingiu 36.47% de avanço na aprendizagem dos alunos – resultados promissores também foram registrados em Videira (SC) com a startup TOTI, que colabora com a inclusão de pessoas migrantes e refugiadas no mercado de trabalho de tecnologia, e recebeu nota média 76 de desempenho nas avaliações.
Educação: parte de todos
O programa “Nossa Parte Pela Educação” resume a necessidade de empreender soluções do futuro no agora, além da urgência em combater desafios de desenvolvimento econômico e social do presente para pessoas, comunidades e territórios.
A relevância da iniciativa se potencializa na máxima de desenvolvimento territorial com ampla participação local, construído de forma ativa e participativa. Múltiplos atores aplicaram, sob as startups aceleradas, um olhar prioritário para os benefícios do município e do território, fomentando soluções de alto impacto e relevância temática para os desafios do ecossistema.
A expansão capilar de mais ideias inovadoras depende, estritamente, de mais parcerias que mobilizem novos atores. Seja você também parte da solução para educação no Brasil!