O setor de impacto trouxe novos ares aos métodos convencionais de captação de investimento, não apenas por impulsionar veículos de investimento mais democráticos – como crowdfunding – como também por aumentar o acesso a novos tipos de capital.
Neste texto, vamos trazer dicas e reflexões para empreendedores de negócios de impacto que estão se planejando para uma captação de investimento. O conteúdo é derivado deste bate-papo realizado entre o Quintessa e a Kaleydos em uma live no Instagram, que você também pode assistir abaixo:
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O que muda em uma captação focada em investimento de impacto?
Negócios de impacto têm a intencionalidade de gerar soluções que resolvem tanto um problema de mercado como um desafio socioambiental. Por ser considerado o “setor 2.5”, que mistura tanto as características da sustentabilidade financeira e geração de lucro (2º setor) como de geração de impacto positivo (3º setor), vários podem ser os modelos de negócios formados. Por isso, um negócio de impacto tem a possibilidade de acessar bolsos de financiamento característicos destes dois setores, ampliando seu acesso à distintos tipos de capital.
Muito se fala de fundos de Venture Capital (VC), mas na verdade existem diversas outras modalidades. Para ilustrar, O Quintessa apoiou uma captação de uma healthtech cuja rodada foi composta tanto por fundos tradicionais de VC (que enxergavam uma clara oportunidade de terem retorno financeiro), como também por doações, feitas por instituições que viam na captação uma oportunidade de aumentar o impacto na saúde em larga escala.
Tanto o 2º setor como o 3º setor estão percebendo que o negócio de impacto pode ser um caminho estratégico para gerar resultados ambientais e sociais numa perspectiva de longo prazo, com escala e perenidade.
Hoje vemos fundos, fundações e organizações multilaterais incluírem em seus portfólios de investimento filantrópico os negócios de impacto. Analisando superficialmente, essa inclusão pode até gerar um estranhamento: não é óbvio concluir que faz sentido uma empresa, que gera retorno financeiro e distribui dividendos, receber uma doação.
No entanto, existe uma lógica sólida por trás deste racional. Se o negócio gera impacto de forma mensurável e isso é core no produto/serviço oferecido (garantindo que esteja na sua atividade principal e não seja uma ação pontual), investir em um negócio que dá certo tende a gerar impacto num tempo indefinido de maneira sustentável, provavelmente de forma crescente, sem precisar continuamente realizar aportes para gerar o mesmo impacto.
Neste contexto, surgem instrumentos como os grant conversíveis, que são doações que podem ser convertidas em participação acionária no negócio.
O que investidores esperam do negócio de impacto?
1. Fit do negócio com a tese do investidor
A estratégia de captação vai depender do modelo de negócio e estágio de maturidade em que o negócio se encontra. Um empreendedor precisa entender quais são os mecanismos existentes e qual o capital mais adequado para o estágio que ele se encontra. De novo, muito se fala dos fundos de Venture Capital, mas se o negócio não apresentar uma projeção de crescimento exponencial, em um mercado suficientemente grande, dificilmente o(a) empreendedor(a) vai conseguir dialogar com estes fundos, visto que o negócio não se encaixa na tese de investimento que VCs normalmente buscam.
Outro ponto essencial é definir qual a necessidade da captação. Captar sem um claro entendimento do propósito deste dinheiro pode ser um grande equívoco para os empreendedores. É muito comum ver empreendedores que interpretam a entrada do dinheiro como a solução para todos os problemas. Na maioria dos casos, existem inúmeros outros desafios que são maiores que o dinheiro. Por isso, não é raro ver negócios que conseguem investimento, mas não conseguem executar o plano proposto – e o investimento ao invés de ajudar, acaba sendo ainda uma nova fonte de pressão para o(a) empreendedor(a).
2. Coerência da história do negócio
Quando um(a) investidor(a) analisa um pitch, é essencial ele(a) conseguir captar a coerência da história do negócio. Essa coerência tem a ver com a forma e o timing que as coisas aconteceram na jornada do empreendimento. Por exemplo, uma empresa que existe há 10 anos e que ainda não entendeu como monetizar, precisa ter ciência que seu desafio ainda é refinar seu modelo de receita e não de investir para escalar suas vendas.
Um trajetória de sucesso não necessariamente é demonstrada por uma curva crescente de faturamento. A narrativa mais interessante a ser contada é a que demonstra de maneira clara os aprendizados que o(a) empreendedor(a) tirou da trajetória do negócio até então. Este texto conta um pouco mais sobre isso.
3. Quantidade certa, na hora certa
É comum ver investidores, principalmente de early stage (estágio inicial), analisarem até onde o(a) empreendedor(a) conseguiu avançar sem ter um aporte de capital externo. Nestes estágios iniciais, a escassez assume um papel fundamental para o desenvolvimento da startup. Por isso, entender o tamanho da rodada é um passo importante, pois errar para mais ou para menos pode prejudicar o negócio de formas diferentes.
Por exemplo, é comum vermos empreendedores captarem mais dinheiro do que precisam sendo que suas organizações ainda não chegaram na maturidade necessária para receber aportes deste tamanho: é o caso de empresas cujas premissas do modelo de negócio não estão validadas ou mesmo que o time não está maduro suficiente. Assim, estes empreendedores acabam abrindo mão de uma participação acionária relevante de suas empresas antes do tempo devido. Por outro lado, se a rodada é subestimada, em pouco tempo o(a) empreendedor(a) necessitará conduzir outra captação, o que é um processo longo e operacionalmente desgastante.
Quais são os grandes elementos que o(a) investidor(a) olha para fazer essa aproximação?
1. Perfil do(a) empreendedor(a) e time
O perfil e a composição de competências entre os empreendedores pode ser elencado como o fator mais importante, principalmente quando analisamos os investimentos early stage. Afinal, serão eles os verdadeiros responsáveis por levar a empresa de zero a milhões de faturamento em um curto espaço de tempo. Por isso, o fundo analisa se a empresa é composta por lideranças que possuem tanto o conhecimento técnico necessário para fazer o negócio acontecer, como um perfil empreendedor aderente.
Vale ressaltar que empreendedores que estão sozinhos no quadro societário possuem um desafio extra na hora de captar, pois nestes cenários é questionado se o(a) empreendedor(a) único(a) possui todas as competências técnicas e comportamentais para desenvolver o negócio analisado.
2. Não é sobre a ideia e sim sobre a execução
Nós não estamos mais na era em que se espera que uma pessoa invente ideias super geniais e inovadoras, que ninguém nunca havia pensado antes. Não é sobre estar sozinho em um mercado. É sobre ter diferenciais para conquistar um mercado.
Por isso, em uma aproximação com um(a) investidor(a), é importante mostrar quais são os diferenciais da solução em relação ao mercado em que está inserida. Muitos empreendedores realizam o equívoco de não explorar no detalhe os concorrentes, substitutos ou mesmo de acreditar que estão sozinhos em um oceano azul. Mesmo que seja o caso de estar sozinho, se for um mercado atrativo, a tendência é que novos concorrentes apareçam rápido.
Na frente de assessoria para captação de investimento, o Quintessa apoia empreendedores de negócios de impacto na jornada de captação de investimento, auxiliando desde o desenho da estratégia de captação, até a preparação de materiais, a priorização de perfis de investidores, a abertura de portas com potenciais investidores e no acompanhamento das negociações até a assinatura do contrato.
Para saber mais sobre esse suporte, entre em contato com o nosso time.
Esse conteúdo faz parte de uma série de lives da Kaleydos em parceria com o Quintessa. Acompanhe as próximas conversas no Instagram da @portalkaleydos: 23/11 – Como viabilizar MVPs relevantes com baixo budget.
Live anterior:
Gestão de pessoas e cultura: dicas para negócios de impacto