Na última segunda-feira (28/03), nove startups de impacto participaram do DemoDay da Aceleradora 100+, evento da Ambev que teve como objetivo apresentar os pilotos das startups aceleradas na edição de 2021 do programa.
O programa, que tem o Quintessa e a PPA como parceiros é focado em encontrar soluções inovadoras para as metas de sustentabilidade da Ambev (mudanças climáticas, embalagem circular, agricultura sustentável, gestão de água e ecossistema empreendedor). A iniciativa existe desde 2018 e já acelerou mais de 60 startups – atualmente a AMBEV trabalha e implementa projetos com 20 dessas de maneira mais aproximada
No evento, que aconteceu em São Paulo e também foi transmitido pelo Youtube (assista aqui), às nove startups do programa brasileiro apresentaram os resultados dos pilotos realizados com a cervejaria, e também se apresentaram startups vencedoras do programa no Paraguai, Chile e Bolívia, e a GrowPack, que participou da edição anterior. Uma delas saiu vencedora com o prêmio de R$ 100 mil, e duas receberam o segundo lugar no valor de R$ 30 mil cada. Conheça abaixo as startups e os resultados apresentados.
Conheça as startups de impacto:
A Via Floresta é uma startup focada em fortalecer o ecossistema de produção e inovação da Amazônia, conectando-o com pessoas, organizações e empresas.
Após entender como a Amazônia se tornou um dos principais fornecedores de bioinsumos para diversas indústrias, a startup identificou a baixa oferta de tecnologias que garantem a rastreabilidade desses produtos.
A solução desenvolvida foi um aplicativo em parceria com a PPA que oferece para diversas empresas o rastreamento desses produtos, o comércio justo e a sustentabilidade de cadeias da biodiversidade brasileira. Hoje a VIA Floresta já mapeou mais de 60 comunidades com informações de produção desde a colheita até o processamento do produto, onde é possível identificar e conhecer produtos naturais e renováveis da floresta e outros biomas brasileiros. O aplicativo Via Floresta já está disponível para download no Google Play.
A Água Camelo junta a inovação ao design para combater a desigualdade social e promover o acesso à água tratada, hoje inacessível para 35 milhões de pessoas no Brasil – principalmente em regiões do semiárido, florestas e centros urbanos.
A solução é o Kit Camelo, composto por uma mochila que suporta até 15L de água imprópria por vez, um filtro portátil acoplado a ela que elimina até 99,99% de todas bactérias, protozoários e partículas sólidas flutuantes na água, um suporte de parede para pendurar a mochila na residência e um manual de uso do produto para o beneficiado final.
Durante a aceleração a startup pôde validar o modelo de serviço e a versatilidade do Kit Camelo – 100 kits foram implementados nas comunidades de Morro da Providência (RJ) e na Aldeia Mutum (AC), mostrando a versatilidade de implementação em diferentes cenários (centro urbano e floresta).
Na Aldeia Mutum que antes apresentava um cenário de 96% das pessoas com relatos de doenças de veiculação hídrica, após o piloto, 100% dos sintomas foram reduzidos. Já no Morro da Providência, onde 62% relataram sintomas, ao final do projeto 90% dos sintomas foram reduzidos. Foram 702 pessoas impactadas com água de qualidade e 90% de todos os beneficiados do projeto se sentem mais seguros ao consumir água do Kit Camelo.
A TRC Sustentável desenvolve tecnologias sustentáveis para reduzir os custos com a água, em um modelo de negócio que envolve Produto + Serviço + Tecnologia voltados para conduzir projetos na gestão da água.
Durante o piloto a startup implementou soluções para reduzir o consumo de água nos centros de distribuição e pontos de venda da Ambev. Os pontos escolhidos para implementação foram: CDD em Joinville e São Cristóvão (RJ) e um bar, pizzaria e um restaurante no Rio de Janeiro. O projeto foi instalado e a startup começou a mapear cada ML de água gasto nos locais e também realizou treinamentos com os colaboradores sobre o uso consciente da água.
Ao final do processo, que teve duração de 03 meses, o impacto foi de 1.5 milhão de litros de água economizados, gerando uma média de 42% de economia de água, com ganho financeiro de R$69 mil. Se o resultado for projetado para os próximos 12 meses o impacto é de 6 milhões de litros de água economizados, o que representa um ganho de R$276 mil ao ano.
A Inspectral resolve o problema do método tradicional de monitoramento da qualidade da água, que envolve o difícil deslocamento até a margem do rio, com equipamentos pesados, sensores, o que muitas vezes aumenta o custo logístico do monitoramento. Pensando nos problemas gerados para monitorar a qualidade em um país continental como o Brasil, que tem a maior rede hidrográfica do mundo, a startup desenvolveu uma tecnologia para que esse monitoramento ocorra de forma remota por meio de imagens de satélite e drones, a solução também pode ser aplicada para monitorar outras atividades como de agricultura e em florestas.
Os projetos pilotos foram implementados no Rio Guandu (RJ), Rio da Antas (GO) e no Rio Jaguari (SP), atingindo três das onze bacias que fazem parte do plano de segurança hídrica da Ambev. Durante o processo foram gerados nove parâmetros para medir a qualidade da água, sendo um deles o IQA (índice de qualidade da água), parâmetro chave para execução de diversos processos na indústria. Através da tecnologia da startups, os índices são entregues de forma mais simplificada e o processo de tomada de decisão se torna mais ágil.
No Rio da Antas, após a análise, foi possível gerar uma melhora de 95% do IQA. Os resultados podem ser observados de forma dinâmica na plataforma Inspectral, disponível aqui.
A Recigases é uma empresa especialista na regeneração de fluidos refrigerantes – substância presente dentro de equipamentos que geram temperaturas baixas, como geladeiras e ar condicionado. Quando essa substância vaza de algum desses aparelhos, elas emitem cerca 1500 a 2000 vezes mais quantidade de Co2 equivalente. Segundo um ranking de 50 ações da Project Drawdown, melhorar a gestão dos fluídos de refrigerante é a quarta iniciativa com maior impacto para reduzir o aquecimento global até 2050, e descartar estes fluidos na atmosfera é considerado crime ambiental pelo IBAMA.
O projeto piloto aconteceu em Ponta Grossa (PR), em um cenário motivado pelo descarte incorreto de botijas de gás (com produto residual liberado na atmosfera) e fornecedor de manutenção contratado sem preocupação ambiental com os refrigerantes.
A startup criou um protótipo denominado EDG – Estação de Destinação de Gases, com ferramentas e equipamentos disponíveis para que o gás possa ser recolhido de forma consciente quando for necessário, um toolkit de usabilidade e um treinamento que tem como objetivo de mudar de forma cultural o pensamento de ‘utilizar, usar e jogar fora’, como forma de introduzir a economia circular no dia-a-dia da sociedade. O processo foi entregue em Ponta Grossa e o projeto deverá ser implementado em breve em outras 06 localidades.
A AfroImpacto é uma escola de afroempreendedorismo com o objetivo de reduzir a desigualdade social, econômica e educacional no cenário do empreendedorismo.
O projeto piloto se deu por uma demanda da Ambev em desenvolver empreendedores negros e negras, e na demanda desses empreendedores, que hoje representam uma parcela de cerca de 40% no Brasil, em se conectar com grandes empresas para impulsionar seus negócios. A partir daí surgiu a plataforma AfroOn, com o intuito de disponibilizar conteúdos e trilhas de conhecimento voltados para a profissionalização dos empreendedores, abordando temas como gestão com recorte racial, negociação com grandes empresas, produção de conteúdo e divulgação online.
Em dois meses no ar, a plataforma recebeu cerca de 130 matrículas e disponibilizou 63 conteúdos entre artigos, vídeos, atividades e e-books – e a plataforma ofereceu a possibilidade de mentores voluntários da AMBEV se conectarem com empreendedores oferecendo bagagem e conhecimento para impulsionar os negócios.
A Aterra é um startup de base tecnológica e sustentável que apoia empresas na criação de um novo mindset de negócios sustentáveis por meio da ressignificação de resíduos.
Os resíduos selecionados para o projeto foram: Lodos de ETEs e Terra infusória, gerados nas fábricas da Ambev. Para ressignificar o descarte desses resíduos, a startup implementou a plataforma e-Aterra uma plataforma web que atua como ferramenta de gestão e marketplace de resíduos nas fábricas de Juatuba e Sete Lagoas (MG), que geram juntas 968 toneladas por mês desses resíduos com um custo de destinação de R$73 mil reais por mês de logística e descarte.
Durante o processo, a startup mapeou novos parceiros e tecnologias possíveis para os resíduos: compostagem, coprocessamento, termo fertilizante e conversão térmica. Dessa forma, eles puderam mapear empresas para destinação final dos resíduos e implementaram a plataforma de marketplace. O Aterro Zero, que tem como objetivo a não geração e uma grande mudança na forma atual do fluxo de materiais na sociedade, foi mantido em 100% das tecnologias criadas, três empresas foram homologadas como opção para descarte a redução de custo utilizando a terra infusória como elemento para produção de fertilizante.
A diversidade.io é uma startup que conecta pluralidade e diversidade com vagas de trabalho. Todos os candidatos têm acesso gratuito para incluir seus currículos, independente de raça, idade, orientação sexual ou gênero. No Brasil são mais de 12,8 milhões de donos de negócios negros em território nacional (Pnad/IBGE) e existe uma dor real dos empreendores em lidar com as complexidades dos processos e comunicações das empresas.
A startup criou a Afroempreendedores, uma solução tecnológica para banco de dados que permite que os usuários façam filtros e acompanhem as propostas e possiblita a criação de um ambiente que fomenta a troca entre os empreendores negros e negras de forma gratuita.
Durante o piloto, a plataforma identificou 254 negócios liderados ou fundados por afroempreendedores. Desses, 202 foram aprovados e 52 já estão em análise de curadoria para criação de processos mais robustos, possibilitando acesso, inclusão racial, inclusão de gênero e no fortalecimento de empreendedores para que faturem mais, beneficiando suas famílias e gerando empregos. Conheça a plataforma.
A IQX é uma empresa de base tecnológica que gera impacto socioambiental positivo através do desenvolvimento de aditivos que ressignificam o plástico, viabilizando a reciclagem de embalagens multimateriais, e agregam valor através da inserção de funcionalidades, tais como, proteção antiestática, antiviral e bactericida.
Durante a Aceleração a startup endereçou o seu desafio para desenvolver uma embalagem circular de filme shrink, também denominado bobina plástica termoencolhível – atualmente apenas 2% desse tipo de embalagem são recicláveis na Ambev.
A solução proposta foi a possibilidade de reutilizar a resina pós-consumo nos filmes shrink por meio de processos químicos, mostrando a importância de aditivar uma resina que geralmente durante o processo industrial perde suas principais propriedades e acaba virando cerda para vassoura, para que ela possa ser utilizada novamente e virar um composto importante na lógica da economia circular.
A startup GrowPack participou da edição de 2020 da Aceleradora 100+, mas também esteve no evento para contar as evoluções do piloto, que hoje se tornou uma grande parceria entre a startup e a Ambev.
A startup tem uma tecnologia para produzir embalagens biodegradáveis feitas de resíduos agrícolas, como palha de milho. A Ambev não só investiu na startup no após a participação na Aceleradora100+, como se tornou cliente, escalando a solução nos produtos da marca Colorado.
Startup vencedora e próximos passos:
As startups foram avaliadas por uma banca composta por Augusto Correia, secretário executivo da PPA (Plataforma parceiros pela Amazônia), Anna Aranha, diretora do Quintessa, Carla Crippa, vice-presidente de Relações Corporativas da Ambev, Carolina Garcia, diretora Global do Programa 100+, Daniel Serra, gerente de Investimentos e Impacto da Mov Investimentos, Fabio Kestembaum, sócio fundador da Positive Ventures, Jean Jereissati, CEO da Ambev, Priscila Claro, professora do Insper, Renata Weken, diretora de Meio Ambiente da Ambev, Rodrigo Maldonaldo, gerente geral da Pepsi&Co e Rodrigo Figueiredo vice-presidente de Sustentabilidade da Ambev.
A startup vencedora do Brasil e da América do Sul foi a Inspectral, recebendo um prêmio de R$100 mil e a participação no Programa Global 100+ Accelerator e até USD 100.000 para implementação do piloto. De forma excepcional, duas startups ganharam em segundo lugar o valor de R$30.000,00 para impulsionar seus negócios. As escolhidas foram: Água Camelo e Afroimpacto.