Em 2021, conversamos com mais de 150 grandes empresas e pudemos entender como a agenda ESG está evoluindo dentro delas
Nos últimos anos, e especialmente em 2021, aqui no Quintessa, temos nos dedicado a trabalhar junto a grandes empresas, institutos, fundações, e investidores. Trabalhamos com esses atores nas agendas de inovação, empreendedorismo e impacto positivo, apoiando seu relacionamento com startups de impacto. Todas as semanas, nós conversamos com novas empresas, o que nos dá uma visão muito privilegiada para acompanhar o que está acontecendo no mercado em relação a ESG e inovação para sustentabilidade.
Entendemos junto às lideranças empresariais quais são os temas que estão guiando suas atuações, formas com que têm trabalhado e nível de maturidade de estruturação e cultura voltada para sustentabilidade corporativa. Nesse sentido, somos uma espécie de espectador ativo do crescimento de um mercado que, se tudo der certo (e estaremos trabalhando para isso), irá mudar os contornos do capitalismo como conhecemos hoje.
Em 2021, foram mais de 150 conversas com empresas que, em sua maior parte, têm grande porte em termos de faturamento, muitas delas listadas na bolsa. Os setores foram variados, indo da indústria a serviços, e de segmentos diferentes. Deste lugar que ocupamos, surgem muitas reflexões sobre o setor, e queremos compartilhar algumas que achamos mais valiosas sobre o que vimos no ano que passou.
Momento
Em meados de 2020, a temática ESG emergiu como pauta prioritária dentro das empresas. Aquelas que já priorizavam isso anteriormente se beneficiaram, tendo agilidade em reportar resultados e iniciativas e amortecendo a demanda por novos projetos dentro de áreas de sustentabilidade que já estavam organizadas, com orçamento e cultura empresarial desenvolvida. Para estas, o desafio não foi de criar, mas de avançar. Avançar principalmente em dois sentidos: conectando mais a sustentabilidade ao negócio, de forma integrada à estratégia da empresa em si, e conectando mais a sustentabilidade à área financeira, seja na emissão de títulos e dívidas, seja na integração com áreas de fusões e aquisições e Corporate Venture Capital.
Essas empresas foram exceção.
Parte significativa do mercado não tinha a agenda de sustentabilidade como prioridade, ainda que já pudesse tê-la formalmente em sua estrutura, e começou a se movimentar para abarcar isso na estratégia. O começo foi muito puxado por anúncios e compromissos, muitos deles voltados para a redução e neutralização de emissões relacionadas às mudanças climáticas.
Entendemos que os compromissos fazem parte do caminho, mas desde que anunciados junto com um plano de como a empresa pretende alcançá-los, ou podemos cair em um mero greenwashing. E vale explicitar que grandes empresas não mudam da noite para o dia, e, em alguns casos, precisamos de mais tempo para poder dizer o que é ou não greenwashing, no sentido de enxergar a consistência no tempo.
Este é um trecho da coluna de Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa, no Um Só Planeta. Este texto foi escrito em co-autoria com João Ceridono.