O Brasil enfrenta a sua pior crise hídrica dos últimos 91 anos. O cenário se deve muito em decorrência das mudanças climáticas, que se intensifica pelos números recordes de desmatamento e queimadas e queima de combustíveis fósseis, além, é claro, da falta de chuva, deixando reservatórios das hidrelétricas vazios. Somado isso ao aumento da demanda de energia na retomada econômica do país, e mundial, estamos cada vez mais próximos de viver novamente apagões energéticos.
Pensando neste cenário, o Quintessa realizou um estudo que traz 194 startups brasileiras que podem ajudar a resolver a questão energética do país.
Aceleradora de impacto pioneira no Brasil, o Quintessa já impulsionou o crescimento de mais de 250 startups de impacto e mapeou mais de 4,5 mil, sendo que 190 destas têm grande potencial em atuar em três frentes urgentes e necessárias: uso de fontes renováveis, eficiência energética, monitoramento e gerenciamento de energia.
Grande parte das startups mapeadas têm capacidade de auxiliar a indústria privada e setores públicos na melhor utilização de recursos energéticos, na oferta de energias renováveis, além de ajudar a entender possíveis e melhores cenários.
São 100 startups com foco em energia solar, o que demonstra a força e crescente demanda por essa fonte e pela necessidade de diversificação da matriz brasileira, ainda muito dependente da fonte hidrelétrica, como mostra o levantamento da ANEEL/ABISOLAR, de 2021:
Além de ser uma fonte limpa, a energia solar também gera impacto social, sendo geradora dos chamados ‘empregos verdes’ e se apresentando como uma alternativa em termos de acesso e viabilidade para quem ainda não a têm, e também para a grande parte dos brasileiros que está sendo impactada com o aumento da conta de luz. É o caso da Revolusolar, que instala placas fotovoltaicas em comunidades cariocas, e a Litro de Luz, que está levando energia para muitas comunidades remotas no Brasil e já faz parcerias com diferentes empresas.
Já no campo da energia eólica, que representa quase 10% da matriz brasileira, foi encontrada somente uma startup, mas alguns negócios que oferecem assinatura de energia limpa incluem a eólica entre as fontes possíveis.
20% das startups estão focadas em eficiência energética, ou seja, em otimizar a geração de energia utilizando menos recursos naturais ou custos. Alguns exemplos são soluções que se acoplam a chuveiros para aquecer a água gastando menos energia, ou como a Energia das Coisas, que monitora todos os equipamentos eletrônicos e propõe planos para economia de energia. Neste mesmo sentido, há 21 (11%) especializadas em gerenciamento de energia para empresas ou indústrias, que conseguem entender as necessidades e apresentar as melhores soluções em energia limpa.
Outro exemplo é a startup Lemon Energia, que desenvolveu um sistema que conecta PMEs e geradoras de energia eólica, solar ou de biogás. Desta forma, é possível que comércios e donos de estabelecimentos contratem eletricidade diretamente de um fornecedor, assim permitindo negociar preços mais baixos e ainda sabendo que consumirá energia de uma fonte limpa.
Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa, explica a importância de a indústria olhar para Startups que possam contribuir com problemas que possam resolver muitos dos problemas energéticos do país. “Milhares de pessoas estão envolvidas em projetos que buscam soluções para muitos problemas da sociedade e do meio ambiente e com a eficiência energética não é diferente, essas 192 startups podem oferecer oportunidades de melhora em gargalos de sustentabilidade que grandes empresas possuem, sendo potenciais parceiras de negócios e fornecedoras para aquelas que, na linha de atuação ESG [ambiental, social e governança], fizeram compromissos em redução de emissão de gases que afetam as mudanças climáticas – além de auxiliarem na redução de custos a médio prazo”, diz Aranha.
O estudo do Quintessa também demonstra que há Startups com este intuito espalhadas pelo Brasil, mas, a maioria está no Sudeste, especificamente em São Paulo (40%), seguido de Minas Gerais (15%) e Rio de Janeiro (10%). Esse padrão é comum para qualquer segmento, dado que a região concentra a maior base de startups e empresas do país, além de concentrar a maior parte da produção de energia. Vale o destaque para Minas Gerais, que concentra 20% da produção de energia solar do Brasil, e por isso conta com mais da metade das startups do estado neste segmento (15 no total).
Ainda neste viés de estudos, a Agência Internacional de Energia produziu relatório em outubro de 2020 afirmando que os investimentos em projetos energéticos descarbonizados devem triplicar em dez anos para (alcançar) a neutralidade de carbono em 2050, ou seja, o tema não poderia estar mais próximo da COP 26.
“Mais do que aumentar a capacidade produtiva e resolver os problemas de energia de suas companhias, os empresários precisam entender a importância disso tudo perante a sociedade. Buscar alternativas aos combustíveis fósseis e hidrelétrico não é uma opção, é uma obrigação de todos”, afirma a diretora do Quintessa.