Análises e aprendizados sobre o pipeline de startups que atuam na temática
O 3º Mapa de Negócios de Impacto lançado este ano pela Pipe Social contou com um estudo especial sobre negócios da área ambiental. Ao todo, foram 536 negócios mapeados alinhados à agenda ambiental, com atuação nos setores da agropecuária, florestas e uso do solo, indústria, logística e mobilidade, energia e biocombustíveis, água e saneamento e gestão de resíduos.
Alguns dados merecem destaque sobre estas startups: 39% delas ainda não tiveram faturamento e 28% faturaram até R$100 mil em 2019. Em 45% delas, a necessidade por capital se mostra presente e dos que já receberam algum tipo de recurso, 68% acessaram um bolso filantrópico.
Sob a perspectiva de impacto, 42% dos negócios mapeados estão voltados à gestão de resíduos, o que mostra que grande parte das greentechs estão de olho no “lixo” como negócio. E não é só no Mapa da Pipe Social que isso se comprova.
Este é o 3º ano que o Quintessa é o parceiro do Braskem Labs, o programa de inovação aberta da Braskem que faz parte da estratégia de Desenvolvimento Sustentável da empresa – acelerando startups que geram impacto socioambiental positivo na cadeia do plástico e da química. Procuramos por negócios com foco em agronegócio, biotecnologia, construção e infra, economia circular, embalagens, mobilidade e química sustentável. O Labs conta com duas turmas: o Ignition, para negócios em estágio de validação do modelo de negócio, e o Scale, para negócios onde o desafio é estruturar a gestão e impulsionar o crescimento.
Na edição deste ano recebemos aproximadamente 400 inscrições, sendo 25% dos negócios inscritos os de economia circular. Desses, menos da metade eram elegíveis para o programa do Scale, sendo direcionados para o Ignition, o que demonstra que, de fato, a maioria dos negócios desse setor está em estágio inicial de desenvolvimento.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída em 2010 abriu uma série de oportunidades para empreendedores desenharem modelos de negócio que auxiliassem os geradores a cuidarem da destinação correta dos resíduos.
O que por um lado parece oportuno demais, por outro faz com que o mercado se torne bastante habitado por soluções similares, o que costumamos chamar de “oceano vermelho”. Buscar por diferencial competitivo nesses casos é a base para garantir um posicionamento sólido no mercado.
É interessante notar nas inscrições do Braskem Labs a quantidade de negócios focados em coleta e destinação correta de resíduos pós consumo por meio de benefícios para o consumidor final. Geralmente se configuram em modelos de recompensa para quem leva o seu resíduo separado (pet, vidro, alumínio etc) por meio de pontos ou outros benefícios. So+ma e Molecoola são dois ótimos exemplos que passaram no Braskem Labs em 2019 e 2020, respectivamente. Como eles, vários outros vêm surgindo.
Outro exemplo são as empresas de rastreabilidade da cadeia de resíduos, como a Plataforma Verde ou a Circular Brain. Aqui estamos falando de plataformas de logística reversa que permitem a integração de todos os players da cadeia, bem como monitoramento deles, promovendo um aumento da entrada de resíduos no ecossistema.
Além deles, há diversas outras startups que já aceleramos e que trazem soluções para a logística reversa, relacionamento e melhoria das cooperativas, como Boomera, Instituto Muda, Recicleiros, Gaia/Viraser, GreenMining, BRPolen, Arco Resíduos, Solos e Biocicla.
Com tantas soluções habitando esse mercado, a pergunta que fica é: como se diferenciar nesse mercado? Sabemos que ele está se desenvolvendo e que talvez essa resposta também esteja. Mas já dá para reconhecer algumas pistas. Destacamos aqui algumas delas.
Este é um trecho da coluna de Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa, no Um Só Planeta. Este texto foi escrito em co-autoria com Thaís Fontoura.