Parcerias entre startups de impacto e grandes empresas mostram na prática como integrar sustentabilidade e resultados para o negócio
Por mais que os temas de impacto socioambiental positivo e ESG estejam ganhando relevância e começando a ser vistos amplamente entre os executivos, percebemos que para muitos ainda é difícil tangibilizar a visão de que ações de impacto positivo e sustentabilidade não devem ser enxergadas como custo e podem ser fonte de novos negócios.
Na última semana, a Reserva anunciou uma parceria com a Equal, um negócio de impacto especializado em roupas adaptadas para pessoas com deficiência. A Reserva lançou uma linha de roupas adaptadas para esse público, que inclui, por exemplo, ímãs no lugar de botões e zíper na lateral das calças.
Além da iniciativa promover a inclusão, trazendo liberdade e autonomia para as pessoas com deficiência, a Reserva também amplia o seu mercado, pois milhões de novas pessoas agora irão consumir seus produtos. No Brasil, 45 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência, o que representa quase 25% de toda a população. Há outros exemplos nesta linha, como a Freeda, que aceleramos este ano e traz peças para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, como idosos com Alzheimer.
O mesmo vale para o Magazine Luiza e a Azul, que ao contratarem a Hand Talk, startup de impacto com uma tecnologia que traduz o português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), passaram a ter um site acessível para as mais de 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva no Brasil.
Muitas vezes, o que chamamos de minorias são na realidade maiorias minorizadas. Trata-se de um amplo mercado, com milhões de potenciais clientes que hoje são mal atendidos pelo mercado.
É o caso quando pensamos em mulheres, pessoas pretas, pessoas de baixa renda. Passar a enxergar esses grupos como potenciais clientes e criar soluções relevantes para eles pode revelar novos mercados ainda não ocupados.
No Quintessa, temos vivenciado há 12 anos a integração estratégica entre impacto e resultado financeiro e acreditamos que a conexão com as startups de impacto é um caminho rápido e eficaz para criar iniciativas com esse objetivo. A boa notícia é que as empresas já começaram a apostar nas parcerias com startups e não faltam exemplos, como os citados acima, para inspirar demais empresas a fazerem o mesmo.
Enxergamos quatro principais objetivos para as empresas se conectarem a startups de impacto: integrar impacto positivo à agenda de inovação e novos negócios; trazer as startups para implementar práticas ESG e alcançar metas de sustentabilidade; apoiar startups de impacto nas ações de filantropia, e realizar investimentos, fusões e aquisições.
Este é um trecho da coluna de Anna de Souza Aranha, diretora do Quintessa, no Um Só Planeta. Este texto foi escrito em co-autoria com Mariana Valle.