Começa hoje em Dubai, nos Emirados Árabes, a COP28. A cúpula reúne representantes de governos, diplomatas, cientistas, membros da sociedade civil e diversas entidades privadas de mais de 190 países.
Este ano, a pauta da emergência climática alcançou a sociedade civil como nunca antes. O que anteriormente era uma discussão restrita a técnicos, cientistas, ambientalistas e outros atores que alertam sobre o aumento da temperatura do planeta desde 1990, quando o IPCC divulgou seu primeiro Relatório de Avaliação, agora tornou-se um tema amplamente discutido. Hoje, 33 anos depois, a temperatura média global em 2022 ficou 1,15ºC acima da era pré-industrial, segundo o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Os eventos climáticos extremos deste ano, ocorrendo em diversos países, evidenciam que os impactos da emergência climática já fazem parte do cotidiano. Agora, parte do desafio consiste em promover ações efetivas, onde governos, grandes indústrias emissoras de gases de efeito estufa e atores da sociedade civil possam, em ação conjunta, criar soluções para que as populações consigam atravessar e adaptar-se aos eventos extremos.
Expectativas da COP28:
A COP 28 ocorre em um contexto de grande complexidade. Os conflitos persistentes no leste europeu e no Oriente Médio exercem pressão significativa sobre a disponibilidade e o custo da energia, especialmente nos países do norte global, que optam por incentivar a produção de energia baseada em combustíveis fósseis.
De acordo com a Reclaim Finance, mesmo os grandes bancos signatários da Aliança Financeira pelo Net-zero de Glasgow, estabelecida na COP 26, continuam investindo mais de U$1 trilhão em 102 empresas produtoras de combustíveis fósseis, contrariando os objetivos de redução das emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil:
No contexto brasileiro, onde as maiores emissões de gases de efeito estufa provêm do setor de Agricultura, Floresta e outros Usos do Solo (AFOLU), a atenção está voltada para a Amazônia e para o contínuo avanço do desmatamento.
Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os anos de 2020 e 2021 apresentaram os maiores índices de desmatamento desde 2012, com 8.096 km² e 10.362 km² de floresta destruída, respectivamente.
Neste cenário desafiador, a COP28 representa um momento significativo para avaliarmos os progressos na redução das emissões de gases de efeito estufa desde o Acordo de Paris na COP 21, em 2015. Uma das pautas centrais do evento em Dubai este ano é o papel crucial dos sistemas alimentares e da agricultura no combate à emergência climática.
O que se espera da COP28 são ações efetivas. Durante a COP27, muitas nações expuseram seus planos de ação, mas muita coisa ainda ficou no papel.
O IPCC estima que, se a temperatura média global subir 1,5°C até o final deste século, os custos para lidarmos com os efeitos e adaptação aos eventos climáticos extremos podem chegar a US$ 54 trilhões (ou US$ 69 trilhões, se as temperaturas subirem 2°C).
A questão econômica ainda se mostra um forte motivo para que os países, empresas e sociedades unam mais forças, tecnologias e financiamentos para enfrentar a crise climática global e sem precedentes.
À medida que os representantes de mais de 190 países se reúnem em Dubai, a esperança é que a COP28 não apenas gere discussões valiosas, mas também impulsione ações concretas que possam efetivamente abordar os desafios urgentes impostos pela emergência climática.